sexta-feira, 11 de março de 2011

Tá na moda! (Nina Lessa)

Torço pro meu time desde que me entendo por gente. Claro que essas coisas são nossos pais ou referências mais próximas de nós que escolhem, mas a gente aprende a amar o clube e vai conhecendo com o tempo. Para mim, time não é como cor preferida, em que pode ter momentos em que você liga menos, dá um pouco menos de atenção, mas a preferência está sempre lá. Torcer não é dar preferência: é dar prioridade. É amar acima de tudo, independente do momento, do time escalado, do técnico; é xingar, amar e ter ódio por um título perdido como se tem ódio de vestibular reprovado. Torcer é entrar em campo.


Não acho que para ser um torcedor de carteirinha é preciso estar presente em TODOS os jogos ou assistir a TODOS eles pela televisão, ou ouvir pelo rádio, afinal a gente trabalha, estuda, entra de férias. Mas o torcedor mesmo, ah, esse dá um jeitinho de perguntar na barraca da praia quanto está o jogo. Ele compra um celular só porque tem rádio e fica de butuca, mesmo conversando com a galera, mesmo no meio da missa de casamento do amigo de infância. E as pessoas costumam entender, afinal a maioria tem um time, e torce também.


Torcer não é usar calça colorida; torcer não é tênis de cano alto, óculos quadrado, nem banda com letra melosa ou de gosto musical duvidoso. Torcer não é malhar naquela academia badalada, freqüentar a night mais bombada do momento nem gostar de música sertaneja como se fosse sua maior paixão há anos, e as pessoas que não sabiam. Essas coisas são momentos; são modas que surgem e que depois passam, como músicas que há cinco anos atrás você achava o máximo e hoje tem vergonha de se assistir dançando nos vídeos do carnaval. Torcer não é ralar na boquinha da garrafa.


Não é porque seu time perdeu ou vem perdendo que você vai deixar de torcer. Você até pode ter raiva desse ou daquele jogador, entende-se até que você pode querer jogar uma bomba naquele clube deprimente que só gasta dinheiro, faz contratação insana, mas você torce. Você tem raiva, mas assiste ao jogo, continua entrando em campo. Com raiva, mas em campo, amando aquela camisa como nunca amou uma namorada na vida – e provavelmente nunca vai amar, porque são sentimentos diferentes. Mulheres, conselho: PAREM de querer competir. Nunca será igual.


Não importa se você não é maioria na mesa do bar; o peso do escudo do seu time só quem entende é você, não adianta discutir. O amor não importa quem colocou no seu coração: seu pai, seu avô, padrinho, mãe, irmão mais velho; Zico, Garrincha, Renato Gaúcho, Edmundo; isso é detalhe. Importa que você torce porque ama, e não porque seu time está bem no campeonato, com jogadores famosos ou torcida bonitinha, com músicas legais e que você aprendeu a cantar pelo Youtube. Porque a gente entende que perder dói, mas só sabe a real felicidade da vitória quem vê seu time perder e sofre. Simples assim.


Por Nina Lessa, tricolor desde criancinha.